Alice chega a uma bifurcação da estrada e pergunta ao
Gato qual caminho deve seguir. O Gato pergunta de volta:
“Para onde você está indo?”: Ela responde que não sabe.
Então, ele diz: “Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve.”
Você já montou um quebra-cabeça? Bom, não sei você, mas, sempre que montava um, eu começava pelas beiradas, porque há algumas peças com uma parte retinha, que são mais fáceis de encaixar, e, para facilitar, eu sempre colocava a tampa do lado para ir me guiando na escolha das pecinhas e para saber exatamente onde encaixá-las.
E o que a clareza tem a ver com um quebra-cabeça? Acredito que a vida é um verdadeiro quebra-cabeça, é como se, a cada dia que vivemos, enfiássemos a mão dentro de um saco e pegássemos uma pecinha lá de dentro. Ao término de um dia, pegamos uma peça.
O problema é que a maioria das pessoas não sabe exatamente qual é a fotografia do quebra-cabeça que quer montar para a própria vida e, por isso, vão pegando qualquer peça dentro do saco e muitas vezes, em algum momento, param para olhar para aquele punhado de peças que pegaram ao longo da vida e percebem que elas não se encaixam direito entre si. Esses indivíduos acabam não montando nada, ou quase nada.
Quando você identifica exatamente qual é a fotografia do quebra-cabeça que quer montar para sua vida, as decisões mais difíceis ficam muito fáceis. Como sou coach as pessoas estão sempre me perguntando se aceitar determinada proposta seria bom ou ruim. A verdade é que praticamente nenhuma proposta é boa ou ruim por si só, não é esse o ponto. O ponto é se a proposta é ou não peça do quebra-cabeça da sua vida.
Com frequência, recebo convites para dar palestras em lugares incríveis, para plateias realmente diferenciadas. À primeira vista, o convite pode até parecer uma grande oportunidade que eu deveria sempre aceitar, mas essa não é a melhor decisão. Na prática, eu sempre me pergunto: “Dar essa palestra, nesse lugar e por esse valor, é peça do quebra-cabeça da minha vida?”. Se a resposta for “sim”, eu aceito! Se não, recuso educadamente.
Vejo aluno que nunca tinha conquistado nada de relevante na vida, nada de que sentisse verdadeiro orgulho de contar, porque ficava pulando de uma oportunidade boa para outra. O mais interessante é que, se olharmos tudo que essa pessoa fez, provavelmente veremos que todas foram verdadeiras oportunidades, mas por não ter clareza da fotografia que queria montar, muitas das oportunidades não eram peças do quebra-cabeça da vida desse indivíduo.
Tome nota: não existe oportunidade boa ou ruim, existe oportunidade que seja ou não peça do seu quebra-cabeça.
Isso faz sentido para você? – Tomara que sim!
Agora que falamos sobre isso, preciso que entenda que pior do que não saber exatamente qual é a fotografia do seu quebra-cabeça, é construir uma fotografia errada, uma fotografia que está desalinhada em relação ao seu propósito de vida, distorcida, de modo que, quando o quebra-cabeça estiver montado, pode ser que você não sinta orgulho do que construiu.
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